Da série: O ROMANCE DOS MOTORES
Anos 60 e 70: segundo meu grande amigo, o FTJ, foi o auge da humanidade. Bem, pelo menos sob o aspecto dos Muscle-Cars e Foguetes para a lua, opa, 100% certo está o FTJ!
Também haviam os Ford GT40, Porsche 917, Can-Am com os McLaren e Chaparral lutando contra os 917/30 da Porsche.
O F-4 Phanton corria atrás dos MIG’s, Concorde alcançava Mach2, o 747 já era o rei dos céus.
No Brasil, Maverick vs Opala vs Dodge eram os assuntos preferidos pelos gearheads! Fittipaldi era O CARA e Piquet, aparecia no final da década de 70. Ah tempo bom!
Voltando...
No início da década de 60 a Chrysler era uma grande força nos motores. A família HEMI já integrava fortemente seus carros de produção há uma década. O mesmo se via nas pistas da NASCAR e NHRA, lá nos Estados Unidos.
Olha só o que existia naquela época na engenharia de motores da Chrysler:
1937: Início dos estudos para o desenvolvimento de motores mais eficientes.
1939-1945: Desenvolvimento de motores para tanques de guerra e aviões.
Tanques de Guerra: Motor radial usando 5 motores “Flathead” de 6 cilindros;
Aeronaves: Motores V12 e V16 invertidos (de cabeça para baixo).
1951: A Chrysler lançava seus primeiros motores automotivos com o conceito de câmaras de combustão hemisféricas. As quais haviam sido desenvolvidas no período da 2ª guerra mundial.
Versões de 301ci (5,0 litros) até 390ci (6,4 litros) -> 1cubic inch = 1,64cm3
Eram chamados de RedRam, Firedome e Firepower
Slide que fiz para a série de LIVES com o Dodge Clube de Curitiba. Rendimento volumétrico era a chave do sucesso dos HEMI!
Estes formaram então, a 1ª geração dos motores HEMI da Chrysler. Porém, como novas demandas e projetos fazem parte do cotidiano, os próximos passos foram:
1963: Chrysler aprova o programa de desenvolvimento de um novo motor para ganhar a Daytona 500 em 1964, pela NASCAR;
Havia 2s motores competindo no projeto: o 413 Wedge e o Big-Block “RB” com cabeçotes HEMI;
Tom Hoover e Dom Moore se valeram da expertise da Chrysler em desenvolver cabeçotes HEMI (quando da época da 2ª Guerra) e, instalaram no bloco “RB”. Segundo eles era a maneira mais direta e barata para a vitória. Nascia o 426 HEMI.
1964: Lançado o Racing HEMI. O objetivo era puramente a participação em Motorsport.
23 de Fevereiro de 1964: A Dodge faz 1-2-3-4 em Daytona com Richard Petty na 1ª posição. O carro era o legendário Plymouth 43!
Porém, contudo, todavia e entretando....
Devido ao avassalador desempenho do esquadrão MOPAR na Daytona 500, a NASCAR surpreendeu a categoria e impôs novas regras para a participação dos HEMI-Powered Muscles!
As regras impunham que em vez de produzirem alguns HEMI-RACING Specs por ano, deveriam ser vendidos aos milhares, em suas linhas normais de produção. SORTE NOSSA !!
Nos anos 60, as opções foram:
1964: A864 426 HEMI DRAG PACKAGE
Plymouth Savoy e Belvedere
1965: A990 426 HEMI DRAG PACKAGE
Dodge Coronet ou Plymouth Belvedere
1967: A102 426 HEMI DRAG PACKAGE
RO23 (Plymouth Belvedere) e WO23 (Dodge Coronet)
1968: LO23/BO29 426 HEMI DRAG PACKAGE
Super Stock Dodge Darts e Plymouth Barracudas
E daí, qual deles levaria para casa? Vale levar todos! eh eh (https://www.dodgegarage.com/)
Já no começo da década de 70... (Brasil é tri! 90 milhões em ação...)
O pessoal, entusiasmado com o enorme potencial do 426-HEMI nas pistas de arrancada, começou a usar “com vontade” Nitrometano. Se não bastasse a dinamite líquida nos cilindros, ainda instalavam grandes “Blowers” nos motores afim de empurrarem milhares de litros de ar HEMI a dentro.. Vinha cavalaria aos milhares, mas também, as quebras eram muito frequentes. Tanto é que começou a faltar blocos de 426-HEMI no mercado!
"Aligeirado" e vendo a oportunidade aparecer, ED DONOVAN, um famoso preparador e construtor de motores, buscou na 1ª geração dos HEMI uma boa solução de mercado. Afim dos motores usarem BLOWER + NITRO e sobreviverem, ele fez isto:
Criou um motor com bloco totalmente usinado em alumínio. Drag Racing Ready.
A base deste bloco era o Hemi de 1a geração, o 392ci (6.4 litros).
Aumentou do diâmetro dos pistões e os motores se tornaram os famosos e robustos DONOVAN 417!
DONOVAN 417. A notar as camisas em aço, bielas em Alumínio forjadas, reforço do virabrequim e as inconfundíveis tampas de válvulas. Aceito-as de presente!!
A grande sacada para os motores serem resistentes, foi o bloco usinado em alumínio capaz de receber camisas molhadas, em aço. Esta é uma tecnologia usada atualmente nos motores Diesel de caminhões pesados. Os caminhões rodam 1.000.000 de km atualmente e, com este conceito, os Dragsters passaram a durar muitas corridas sem quebra.
Também desenvolveu novos mancais de virabrequim, válvulas, polias, pistões e toda uma série de componentes dedicados aos motores de arrancada.
Outro ponto era a fácil manutenção dos motores, pois, como as camisas eram prensadas, podia-se substituí-las individualmente caso preciso. Usavam então prisioneiros para travar os cabeçotes no bloco. Este conceito é usado até hoje nos motores de Top-Fuel Dragsters, de 11.000 hp.
Foto de capa da Revista HOT ROD em 1971. Mostrando o 417ci DONOVAN e seus incríveis pilotos!
MAs, quando tem alguém fazendo sucesso, sempre tem gente ao lado observando e competindo. Foi o que fez Don Garlits o “Big Daddy”, com o Top-Fuel Dragster e o patrocínio oficial da Chrysler. Desenvolveram uma solução "TUDO QUE DÁ" na plataforma do 426-HEMI e aniquilaram a concorrência.
Mas isso, a gente conta em um outro post.
Aguenta firme!!
DRAG HEMI Dart e Barracuda no Pre-Stage. O nascimento dos atuais "Funny-Cars" deu-se nestes dias!
Um print da reportagem da Hot Rod Magazine do final de 1971. Os cabeçotes HEMI de primeira geração já tinhas o "pedigree" desta lenda dos motores!
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